POLAROID CHOICES
ARTICLES • 08-07-2014
POLAROID CHOICES

Matosinhos, PORTUGAL


 
 
É cada vez menos frequente sentir nas mãos uma foto verdadeira (daquelas em papel). Quando acontece, tipicamente acompanham um: "olha isto!!! há tantos anos...".
 
Talvez imprimir dê muito trabalho. É preciso sair de casa. É preciso esperar. É preciso escolher. É preciso pagar. Fotos impressas não cabem no e-mail nem no facebook. E ocupam muito espaço - físico -, aos montes, desarrumadas, esquecidas a colar-se umas às outras, a puxar pela pena ou até culpa de não sermos mais organizados, "um dia tenho que pôr tudo isto em ordem..."
 
Desapareceu-me aquela espécie de "presentes de Natal" que rotineiramente se seguia às viagens, quando à primeira oportunidade corria à loja a revelar pequenos cilindros mágicos, em pulgas para saber que tesouro dali viria. Nesse tempo as fotografias tinham ar de surpresa, não tinham o impacto esgotado no visor da máquina durante a viagem, revistas ao tirar, revistas a cada pausa para almoço, a cada metro, ou à espera no aeroporto. Além disso não se multiplicavam às 5 ou 6 ou 10 ou 20 de cada tema, por medo de perder pitada: não se esmorecia na quantidade a preciosa individualidade do momento.
 
Agora as imagens de férias acumulam-se, aos milhares, povoando pastas e mais pastas, em doses industriais, adormecendo amigos e família em raras sessões que gravitam num oceano de tecnologia, cabos elétricos e visitas paralelas a youtubes, facebooks e "espera, vou mostrar-te, há um site na internet, põe no google..."
 
 
Recentemente comprei uma "polaroid". Vi que me fazia falta o toque do papel e vi que algo sabe bem na escassez de ter que escolher bem quando disparar: pareceu crescer o valor do momento. Faz-me pensar noutras "escolhas-polaroid" da vida... em que menos é mais.

 


 
 
It´s becoming less and less frequent the real feel of a genuine photography in our hands (those paper ones). When it happens, usually the thought "look at this!!!!! it has been so long…" pops up.
 
Perhaps printing is a lot of work. You have to get out of home. You have to wait. You have to choose. You have to pay. Printed photos do not fit in an email nor on facebook. And they take a lot of space - physical space -, either piled up, all over the place, forgotten and getting glued to each other, making us feel sorry or guilty that we should be more organized, "one of this days I have to put all this in order…".
 
That kind of "christmas present", that usually followed every trip, when, as soon as I got the chance I would run to the printing store to develop those little magical cylinders, excited to unveil the hidden treasure, is now gone. Back in those days photographies had a surprise effect, they did not have their impact washed out by the camera screen, seen over and over again on every take, at every lunch break, or even while waiting at the airport. Besides, they did not multiply by the dozen of the same theme or subject, just afraid of losing any second: the precious individuality of the moment was not undertaken by the quantity.
 
Nowadays holiday pictures pile up, by the thousands, filling folders and more folders, in industrial quantities, making friends and family fall asleep in those rare sessions that gravitate around an ocean of technology, electric wires and parallel visits to youtube, facebook and a "wait, I'll show you, there's this website, just google it…"
 
 
Recently I bought a "polaroid". I noticed that I missed the paper touch and realized that something feels right in the scarcity of having to choose wisely when to take the shot: the value of the moment seemed to increase. It makes me wonder other "polaroid-choices" in life…where less is more.

 

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