Refojos, PORTUGAL
Estão quase as férias a chegar. Para muitos, uma longa maratona entra na sua reta final: mais um esforço e virá o descanso! Como gerir, então, este cansaço final? Como lidar com as baterias esgotadas? Como tirar mais um coelho da cartola destes passos que já se arrastam?
Ao pensar em energia, em cansaço, em motivação, surgiu-me: "banco bom, banco mau". Ora aí está uma expressão que acabou por entrar na gíria corrente, pelos piores motivos, e que me parece mais do que adequada para este tema da vontade e da força. Acredito que há duas maneiras de estarmos cansados:
1. cansado como uma criança num jogo de futebol - ok, estou em esforço, faz parte da brincadeira, do desafio.
2. cansado desmoralizado - por achar que não estou na pista certa, que não é por aqui, e muito embora saiba que não é por aqui, as circunstâncias parecem não dar alternativa, tem mesmo que ser....
O primeiro caso, é como uma energia renovável, a cada pausa recarrega, renova-se, renasce o propósito, clarifica-se a meta, flui vontade interior, apetece. A cada descanso volta-se ao caminho refrescado e pronto a bulir.
No segundo caso, cada pausa é uma mera fuga para vegetar, um túnel onde esquecemos o resto, onde evitamos sentir. Suprimimos um pensamento recorrente de "como saio daqui, disto tudo?". Sabe sempre a pouco. E como um carregador meio avariado, a noite toda não chega a nada, nos tracinhos da bateria.
Ter mesmo que ser, sem acreditarmos no que estamos a fazer, é o cansaço "mau" da vida. Por saber a desperdício. Por ser vazio. Como num banco mau, por não estar diretamente ligado a um investimento que, no fim da cadeia, tem valor a substanciá-lo. Ao contrário de cansaço "bom", que tem valor garantido na sua promessa intrínseca, um cansaço "mau" não vale nada, não constrói, é uma promessa que só depende de outras promessas, sem que nenhuma possa, por assim dizer, garantir o valor subjacente. Como no estranho mundo financeiro, que volta e meia se desmorona, faz-se de argamassa fictícia...
Cansaço "bom" é diferente. Sossega na tranquilidade de um caminho com sentido. Uma escalada ao pico da montanha, exigente, mas com alicerce. Porque vale a pena lá do alto contemplar com serenidade o zigue-zague do trilho, sentindo as pernas bambas do esforço. Absorvendo que a viagem é, por si só, o fim último de cada momento. E que a energia que nos consome é ao mesmo tempo a que nos faz vibrar, transformando-se a cada instante na experiência de estarmos vivos.
Reflita um pouco na sua vida: como vai de energia? Bateria carregada, a meio gás, ou quase vazia? E esse cansaço, é do "bom" ou do "mau"?
Gonçalo Gil Mata
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