Ninh Binh, VIETNAME
É inato. É mágico. É inconsciente. Uma criança consegue reconectar-nos com a simplicidade de apenas ser sem o saber. Porque em criança ainda não existimos bem, ou não nos atrapalhamos tanto a gerir quem somos. Se, enquanto adultos, procuramos a dissolução do self, a verdade é que a criança ainda mal o tem. E é livre por isso.
Gosto de provocar modo criança. E se, por um dia, pudesses jogar o jogo de seres quem és? De forma divertida e infantil. Como quem comanda um Clash of Clans: pure fun! A feijões. O que faria uma criança a jogar o teu avatar? Acesso a hipóteses imaginárias. Acesso a fantasias sem regras, livre, solta, pura fonte de potencial, um universo de faz de conta. Tudo vale, tudo possível, tudo fun.
Sim, umas quedas e choros e birras e frustrações e desgostos, mas... ainda a inocência de todos os dias acordar outra vez, sem mágoa ou arrependimento, sem feridas. Do zero. Puro. Exatamente como novo. Pronto para a exploração inocente e curiosa de mais um dia.
Todos os anos, por esta altura, recordo a necessidade de nos reinventarmos periodicamente. De nos sentarmos ao cockpit existencial e dar uma olhada ao GPS, à altitude, a como estamos de combustível... E o plano de vôo? Sereno? Ou sinais de turbulência nos alertam estar na altura de virar à direita? Onde lemos essas mensagens? Porque, elas estão lá, certo? Acho que todos sabemos quando qualquer coisa não está bem. E aplicamos a nossa melhor estratégica para o gerir, claro, mas... saber sabemos! Mesmo que a estratégia seja a de o tentar ignorar, sabemos.
Parece-me justo que todos queiramos, de tempos a tempos, ter o tal "tempo para pensar na vida". E, sendo isso realmente valioso, queremos conseguir mesmo dedicar-lhe esse tempo necessário. Umas horas, um dia, umas férias de Alentejo, daquelas de não fazer nada... o que seja. Porque não o fazemos, porque sempre o adiamos? Será por vermos nesse exercício um necessário confronto e a auto-admoestação provável aqui ou ali? Que esquecemos esta parte, que deveríamos ter feito aquilo e sido melhores acoloutro... Suspeitaremos que mil cobranças nos esperam se lhes damos tal tempo? Se lhes abrirmos tal porta?
Todos conhecemos histórias de reinvenção. Histórias de quem deu um clique, soltou amarras, foi à sua vida. E, também sabemos, a essas pessoas ocorrem coincidências incríveis a quem tudo de bom acontece. Podemos achar que são especialmente sortudas, mas a verdade é que a sorte favorece mesmo os audazes. Quem se põe ao caminho colhe os frutos dessa viagem.
Então, coragem! Reinvente-se! Vá lá, não seja preguiçoso. Não fique a ouvir essa queixa interna sem fazer nada. Pense, reflita, ligue o GPS ou leia o caminho nas estrelas, tanto faz. Mas ponha-se ao caminho a ver o que dá. Deixe que as decisões se tomem a si mesmas, não lhes ponha travão. Ligue o modo criança, para melhor criar bons filmes, livres, inocentes, entusiasmantes, a feijões. Sonhe em modo infantil, e verá que novos desenhos surgem no mapa. Que volta a ser divertido ser quem é e explorar hipóteses, just for fun...
Boa sorte!
Gonçalo Gil Mata
Permita-se aceder à criança que há em si, e refletir sobre a essência de quem é.
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