Koufonisia, GREECE
Que palavras lhe ocorrem quando pensa em férias? Pausa, liberdade, fuga, descanso, fazer nada, viajar, não rotina, sol, aventura, boa vida, tranquilidade? E que tal imprevistos, ansiedade, problemas, incerteza, malas perdidas, atrasos, overbooking, avarias? Estranhamente para alguns, "Férias" ocupa uma posição cimeira em qualquer teste de avaliação de Stress...
Embora a promessa intrínseca de paz esteja em pano de fundo, a verdade é que não temos bem um interrutor mental para saltar de modo "trabalho" para modo "férias". Além disso, vem sendo cada vez mais difícil "desligar" mesmo. Em parte porque a antiga fronteira tecnológica esbarra-se agora na utilidade e diversão/socialização de ter um smartphone ou tablet por perto, e com e-mail mesmo à mão de semear, fica difícil não dar uma espreitada às novidades!
De facto, mesmo os avisos "out-of-office" não parecem ter a mesma credibilidade de outrora. Para quem gosta do que faz, e/ou para quem tem responsabilidades que aparentemente não permitem o luxo de desconectar, manter ligação ao trabalho durante as férias é normal. Se é o seu caso, estabelecer protocolos claros de comunicação cadenciada, em canal específico, pode ser boa ideia. Um exemplo popular é: "se houver urgências, enviar SMS, vejo ao final do dia" - sossega a mente reduzir estímulos e deixar o bicho no quarto, tendo a perceção de segurança de haver um sistema de alerta.
Ser radical e cortar completamente também é uma abordagem interessante, mas nem sempre tem o efeito desejado de despreocupação. Confiar que o mundo pode viver sem nós é um exercício que precisa de prática... e quantos de nós têm ido aos treinos? Férias desafiam confiança e liderança, quer pensemos em pais e os seus filhos, quer pensemos em chefias e as suas equipas. O que sentir, quando tudo acontece sem estarmos por perto? Fomos capazes de treinar autonomia, capacidade de decidir e gerir risco?
Não esquecer também que desacelerar mentalmente leva tempo. O cérebro demora a adaptar-se aos ritmos. Depois de uma semana a velocidade alucinante com preparativos pré-férias, é mais que normal que no dia da partida continue num ritmo mental desenfreado, em pleno aeroporto à procura de coisas para resolver: painéis informativos, horas, instruções, artigos que esqueceu de pôr na mala, que se calhar se vai perder, o taxista vai vigarizá-lo, o quarto de hotel não vai ser como pediu, enfim... as férias são um autêntico festim de estímulos para a sua máquina executiva.
Se se vir finalmente na espreguiçadeira, um belo mar à frente, a ideia do tão merecido descanso perto e de repente o seu "melga interno" começar a ruminar algo do género:
"tudo perfeito... não fosse ter-me esquecido dos óculos de sol no quarto, que chatice, valerá a pena voltar atrás? também acho que não fechei o cofre. aproveitava e passava na receção a reservar o jantar, e já agora comprava o jornal e aí sim, todo o meu mundo estaria finalmente sossegado... e água? convém não desidratar... tentarei ser saudável nesta férias, talvez um pouco de exercício, isso mesmo, ouvi dizer que há aulas de ginástica de manhã, muito embora amanhã temos aquele almoço, não sei se dará tempo, e será que há táxis àquela hora? não ficou nada bem combinada essa história. e também queria poder dormir... e que vamos fazer quanto à decisão da tarde? afinal de contas estamos sem plano! credo, pode lá ser... temos que resolver isso sem falta! e como estará tudo lá no escritório? o Fonseca bem que podia dizer qualquer coisa sobre o fornecedor... sim, se calhar mete-se em alhadas, não é nada bom negociador. bem... acho que estou a ficar um bocado farto de estar aqui na praia sem fazer nada... já aqui estou há 20 minutos!..."
dizia eu...se algo do género lhe acontecer... não reaja! Dê tempo para o melga abrandar... diga-lhe que a ideia não é meramente adaptar a sua genialidade de planeamento e resolução de problemas a um contexto tropical... é mesmo fazer pausa à máquina do controlo. Explique-lhe que determinados estados mentais exigem largar os comandos, e que é justamente nessa permissão de não controlar, justamente na perceção de que o mundo pode girar sozinho sem a sua intervenção, na autorização de apenas estar sem intervir, que reside a energia que recarrega as suas baterias...
Seja flexível, nivele temporariamente o grau de exigência e... bom descanso!
What comes to min when you think about vacation? Break, liberty, escape, rest, do nothing, travel, non-routine, adventure, sun, the good life, tranquility? What about the unforeseen, anxiety, problems, uncertainty, lost luggage, delays, overbooking, breakdowns? Oddly enough for some, "vacation" comes on top of the rank on any stress test…
Although the intrinsic promise of peace is in the background, the truth is we do not have a mental switch to jump from "work" mode to "vacation" mode. Besides, it is getting progressively harder to really "switch off". Partially because the old technological barrier is now bumping into the usefulness and fun/socializing of having a smartphone or tablet around, and even the email at hand, making it hard not to take a peek at all the new stuff!
In fact, even the "out-of-office" auto replies do not seem to have the same credibility they once had. For those that love their jobs, or for those with responsibilities that apparently do not allow the "switching off" luxury, keeping connected to work during vacation is normal. If this is your case, establishing clear and cadenced communication protocols, through a specific channel, can be a very good idea. A popular example is: "in case of any urgent matter, send a text message, I'll look into it at the end of the day" - it quiets the mind reducing stimuli and leave the "beast in the room", with the perception that there is a security alert system.
Being radical and cutting off completely is also an interesting approach, but does not always have the desired effect of unconcern. To trust that the world can live without us is an exercise that needs practice… and how many of us have shown up to practice? Vacation challenges trust and leadership, either we think of parents and their children, either managers and their teams. What to feel when everything happens even though we're not around? Were we able to train autonomy, ability to decide and manage risk?
Let's not also forget that mental deceleration takes time. The brain takes its time to adjust to different rhythms. After a crazy speedy week with all the pre-vacation arrangements, it's more than normal that on departure day your brain is still on a mental rampant pace, looking for things to solve in the middle of the airport: info billboards, timings, instructions, items you forgot to pack, or you might lose, the taxi drives who is out to get you, the hotel room is not going to be how you ordered, and so on… holidays are a real feast of stimuli to your execution machine.
If you find yourself finally in a stretcher, with a nice sea view, the idea of a well-deserved rest wondering nearby and suddenly your "internal pain in the ass" starts to ruminate something like:
"everything is perfect… if only I hadn't forgotten my sun glasses back in the room, bummer, should I fetch them? I might also have left the vault open. On the way I could stop by the front desk and make dinner reservations, and also buy the journal and then, finally, my whole world would be at peace… and water? I must stay hydrated… I'll try to stay healthy during these vacation, maybe a little exercise, that's it, I just heard there's gymnastic classes in the morning, although tomorrow we have that lunch, not sure there is enough time, and will there be taxis at that time of the day? this whole story was not well settled. and also I'd like to be able to sleep… and what about the afternoon decision? after all we do not have plans! Dear Lord, this cannot be… we must solve this at once! and I wonder how are things running back at the office? Mike might as well update me on that supplier issue… yes, he can get himself into trouble, he's not the worlds' best negotiator. oh well… I think I'm getting a little tired of being here on the beach doing nothing… I've already here for 20 minutes!…"
As I was saying… if something like this happens to you… do not react! Give the "pain in the ass" time to slow down… tell it that the whole point is not just to adapt your genius ability of planning and problem solving to a tropical environment… it's really to put the control machine on pause. Explain to it that certain mental states demand letting go of controls, and that it's exactly in this permission of not to control, exactly in the perception that the world can spin by itself without your intervention, in the permission of just being, without intervening, that resides the energy that recharges your batteries...
Be flexible, temporarily level your degree of demand and… have a nice rest!