Embora para muitos o normal protocolo de marcação de reuniões e gestão de compromissos em geral seja relativamente evidente, noto com surpresa que muitos profissionais se debatem com o simples exercício de encontrar um buraco de agenda que "case" com o do seu interlocutor. Isto é particularmente notório, claro, em agendas muito preenchidas, onde se recomenda como base fundamental uma maior antecedência na marcação e um cumprimento rigoroso dos compromissos acordados, complementado com proteções periódicas semanais - 3 a 6 horas - reservadas em exclusivo para imprevistos.
Sem prejuízo da adaptação necessária de cada profissional ao seu tipo de agenda, à sua posição hierárquica, e não menos importante ao estilo da sua chefia, como regra de ouro recomendo: "Marque menos para remarcar menos." Isto é, uma agenda que está em assídua recalendarização acusa falta de robustez na orientação estratégica de prioridades. Se é o seu caso, há que dizer "não" mais vezes. Mesmo quando isso significa que "nunca" vai ter agenda para um dado compromisso. Lembre-se que, embora hoje possa não parecer, daqui a 4 semanas a sua agenda estará tão sobrelotada com a desta semana.
Vamos então ao elementar protocolo, que, confesso, não passa de mero bom senso estruturado, mas nem por isso menos pertinente de ser relembrado, aqui sumariado em 4 pontos fundamentais:
PONTO 1 - a proposta
Ao pedir a reunião, e pressupondo a sua provável aceitação, o proponente avança logo duas datas/hora, de preferência em alturas do dia diferentes. Reserva no seu calendário esses dois períodos até ter resposta, ou, no caso de não ter resposta num período razoável de tempo, - cujo limite pode ser comunicado logo na proposta - liberta essas reservas, comunicando obrigatoriamente que já não estão disponíveis.
PONTO 2 - a resposta
Quem recebe a proposta, deve estar sensível de que está no ar uma negociação, evento esse que está a sequestrar valiosos períodos de agenda do seu interlocutor. Ou seja, pede-se uma resposta tão rápida quanto possível, mesmo quando é para dizer: "nesses períodos não me é possível, enviarei alternativas em breve".
PONTO 3 - a contra proposta
A contraproposta não é mais do que o ponto 1, voltando o ciclo ao início. Este ciclo repete-se as vezes que forem necessárias.
PONTO 4 - imprevistos
A fiabilidade da agenda é um ponto importante de profissionalismo em ambas as partes. O que está acordado, é para respeitar. No entanto, imprevistos acontecem fora da nossa área de controlo. Quando assim é, no momento exato em que nos apercebemos de que está ameaçado um compromisso acordado, devemos imediatamente renegociá-lo, libertando a agenda do interlocutor, mesmo que ainda não seja possível propôr um alternativa. Acima de tudo, é uma questão de ética o respeito pelo tempo dos outros e uma profunda desconsideração quando deixamos que alguém planeie a sua semana em torno de uma reunião que sabemos que não vamos poder ter.
Duração: 1 hora? Como recomendação adicional, reveja ainda a duração das suas reuniões, que na esmagadora maioria dos casos é por defeito 1 hora, muitas vezes sem pensarmos muito sobre o caso. Contacto frequentemente com dois erros típicos nesta área: o primeiro é marcar uma reunião de 1 hora que facilmente poderia ter apenas 20 ou 30 minutos; o segundo é marcar uma reunião de 1 hora que vai facilmente vai tomar 1h30m ou 2h00 (ou mais...), com prejuízo para o dominó de incumprimento que se seguirá à derrapagem. Facilmente podemos ser levados a pensar que se trata de um erro de moderação (e casos há onde assim é), mas não esqueçamos que o dimensionamento prévio pode também ter sido pouco realista.
Finalmente, nem todas as reuniões precisam de ser presenciais. Considere vencer a zona de desconforto das reuniões por Skype ou qualquer outro sistema de vídeo conferência em geral, e aprecie os benefícios que isso representa para a sua agenda.
Gonçalo Gil Mata