Pushkar, INDIA
É mais que natural termos recorrentemente um diálogo interno mental. Uma voz dentro da nossa própria cabeça continuamente a dizer de sua justiça, a mandar bitaites, a dirigir, a opinar, a repreender, a relembrar, a avisar.
A intenção positiva desse personagem é notória: proteger, melhorar, evitar erros. Às vezes, na prossecução destes louváveis objetivos, e para que efetivamente tenha algum controlo sobre o que vamos fazer, esta voz interna torna-se um autêntico melga, azucrinando o juízo, moendo a paciência, sempre do contra, crítico para quem tudo está mal. Noto parecenças com certas relações de mães/pais para um filho adolescente, como as noto também na de certos filhos adultos para mães/pais idosos: que um quer o bem do outro, ninguém duvida, a pergunta é a que preço? Claramente convencidos de saberem o que é melhor para o outro, com que intensidade impõem a sua fé?
De facto, às vezes, na melhor intenção de ajudar, constituímo-nos quase como combatentes, como inimigos, para travar erros e asneiras, é certo, mas ainda assim como inimigos. E se a título excecional isso pode apresentar-se necessário, quando se torna a regra é um perigo: sem uma boa dose de aceitação mútua, as relações degradam-se, desgastam-se na repetição bélica.
Daí fazer-lhe a seguinte pergunta: como vai o seu diálogo interno? Que tal se porta o seu inquilino do "sótão"? É-lhe útil? Está do seu lado? Além de relembrar e opinar, também motiva e congratula? Diz tantas vezes: "cautela" como diz: "bem jogado! essa correu mesmo bem!"? Diz tantas vezes: "só fazes asneiras" como diz: "hoje estás de parabéns!"? Repreende: "outra vez esta história?!" como admira: "uau, és o máximo!"
Uma coisa parece certa: estamos casados connosco mesmos. Não há divórcio possível deste matrimónio interno. E, se temos mesmo que conviver juntos, e para sempre, mais vale que aprendamos a darmo-nos bem. Serão bem-vindos, como em qualquer casamento, paz e sossego com o nosso compincha mental. Não quer isso dizer que não haja uma zaragata de quando em vez, mas... dentro do possível, que seja amigo, compreensivo, que apoie, que incentive, que motive... isto é: que acima de tudo esteja MESMO do nosso lado, a nosso favor. Afinal de contas, é uma questão de equipa!
Se não as tem já habitualmente, vá lá, faça o esforço de introduzir regularmente algumas frases internas positivas, de apreço, de incentivo e de reconhecimento. Faz toda a diferença...
IS YOUR NAGGER ON YOUR SIDE?
It’s more than natural for us to recurrently have an intern mental dialogue. A voice inside our own head continuously saying its justice, opining, directing, rebuking, remembering, warning.
This character's positive intention is widely known: to protect, improve, avoid mistakes. Sometimes, while prosecuting these praiseworthy goals, and thus really have some control about what we’re about to do, this internal voice becomes a nagger, annoying you, grinding your patience, always against you, a critic presence to whom everything is wrong. I see some similarities with certain mother/father and these adolescent child relationship, as well as with grownup sons and daughters relating to their elderly mother/father: one wishes the good of the other, no doubt there, the question is at what cost? Clearly convinced of knowing what’s best for the other, with how much intensity should they impose their faith?
In fact, sometimes, while only trying to help, we present ourselves as warriors, as enemies, whose intention is to stop the mistakes and the blunders, for sure, but even so as enemies. And even if regarded as an exception this could be necessary, when it becomes the rule it’s dangerous: without a good dose of mutual acceptance, relationships wear off in a warlike repetition.
And that’s why I ask you this question: how is your internal dialogue going? How does your “attic” tenant behaves? Is he useful? Is he on your side? Besides remembering and opining, does he motivate you and welcome you? Does he say “watch out!” as many times as he praises “well done! This went really well!”? Does he state as often “you only make mistakes” as he reminds “today you’re to be congratulated!”? Rebukes: “this story again?!”, as admires: “wow, you’re awesome!”?
One thing seems certain to me: we are married with ourselves. There’s no possible divorce in this internal marriage. And, if we do have to live together, and forever, it’s worthwhile to learn how to get along. As in any marriage, peace and calm with our mental pal will be most welcomed. I don’t mean that there won't be a rumpus every now and then, but… if possible, it should present itself as friendly, comprehensive and supportive, one that encourages, motivates… and that, above all, REALLY stays on our side, in our favor. After all, it’s a team matter!
If you don’t usually have them, go ahead, make some effort to regularly introduce some internal positive phrases, of esteem, of encouragement and acknowledgement. It makes all the difference…
Já dizia alguém que o que sentimos é apenas um filme a ser projectado numa tela mental. E que filme!