TEMPESTADE E BONANÇA
ARTICLES • 12-11-2014
TEMPESTADE E BONANÇA

Kirkjufell, ICELAND



 
Às vezes a trilha é brava. Mesmo brava. E então parece-nos que tudo é simplesmente demasiado. Que não se aguenta. Que nos faltam as forças. Que chegamos ao nosso limite. Que já não queremos mais. Que não pode ser.
 
 
Mas, a par da nossa quasi-desistência, o mundo dá mais uma volta e depois outra. Rodam as horas, sobrevivem os dias, e faz-se caminho, arrastando cada passo, e rema-se em exaustão, desenterrando cada braçada.
 
 
Até que, quando menos esperamos, amaina a tempestade, sossegam-se as águas, acalma-se o vento e o turbilhão, amacia-se a senda, estatelamos o corpo em terra firme, balouçando na ondulação gentil. 
 
 
Sabemos aí que, uma vez mais, já passou. É quando, de forças esgotadas, vislumbramos um momento de pura paz e beleza eterna. Numa sageza humilde de quem conhece o que é batalhar, e o que é sofrer na incerteza de se ser ou não capaz, autorizados então a contemplar o equilíbrio infinito de um universo que tem tudo resolvido, por natureza.
 
 
Oxalá saibamos lembrar sempre e a cada aflição, quantas bravuras já vencemos!...
 

 


 

STORM AND CALM

 

Sometimes the trail is hard. Really hard. And then it seems that everything is simply too much. Unendurable. Unbearable. Like we've reached our limit. Like we don’t want it anymore. Like it cannot be.
 
 
But, along with our almost resignation, the world takes yet another turn and then another. The hours spin, the days survive, and a path is made, dragging each step, rowing in exhaustion, unearthing each armful stroke.
 
 
Until, when we least expect it, the storm calms down, the waters settle, the winds and the turmoil slow down, the path softens, the body settles in firm land, swaying in gentle undulation.
 
 
Then, once again, we’ll once again know that it’s over. That’s when, with exhausted strength, we get a glimpse of a moment of pure peace and eternal beauty. With a humble soundness of one who knows what it means to struggle, what it is to suffer in the uncertainty of being or not capable, finally authorized to contemplate the infinite balance of a universe that has everything solved, by nature.
 
 
Hopefully we can always, and at every affliction, remember how many battles we've already won!...

 

1 comment
Ariana Barros
"Oxalá saibamos lembrar sempre e a cada aflição, quantas bravuras já vencemos!...". Dica para o post-it, mas permanente. :)
in 2014-11-18 16:22:10
Leave a comment:

Name *
E-mail
Message *
Verification